terça-feira, 14 de outubro de 2008

As tecnologias da informação e comunicação ...

Por Héllen Saane & Daiane Ribeiro

Palavras-chave: tecnologia da informação e comunicação, escola, imagem e persuasão.



Introdução

A presente pesquisa se pautará no que se refere à relação das tecnologias da informação e comunicação com a escola, o desenvolvimento humano e o poder da linguagem persuasiva nas propagandas, seus sentidos e cuidados políticos.

Veremos, no decorrer das análises, como se da o uso das tecnologias de informação e comunicação na escola, no desenvolvimento humano e quais são as informações implícitas nas propagandas, que um leitor mais atencioso pode observar, dando ênfase em seu poder de persuasão. Em seu livro Linguagem e persuasão, Adilson Citelli nos mostra, de maneira clara e precisa, o que vem a ser a persuasão:

Quem persuade leva o outro à aceitação de uma dada idéia. È aquele irônico conselho que está embutido na própria etimologia da palavra per+suadere= aconselhar. Persuadir não é sinônimo de enganar, mas também o resultado de certa organização ao discurso que o constitui como verdadeiro para o receptor.


O fascínio pela imagem parece fazer parte da natureza humana. As primeiras representações do mundo datam do tempo das cavernas. Hoje, séculos de história separam a arte rupestre da fotografia, do cinema, da televisão, da internet.

As imagens muitas vezes transmitem a mensagem, sem a necessidade de interpretação de palavras ou textos verbais. O valor da imagem, como uma prática social persuasiva, coloca em uma situação de comunicação um produtor-anunciante e um leitor-consumidor, utilizando-se de textos não-verbais entre os quais circulam sentidos determinados.

Enquanto uma prática social persuasiva, as imagens buscam condicionar o homem a um determinado “fazer”. Como mensagem, que coloca seres humanos em uma relação de comunicação, ainda que não face-a-face, as imagens exigem, além de uma compreensão, também a sedução do leitor. É por esse motivo que os elementos não-verbais, dispostos em um anúncio, são permeados de estratégias de persuasão, que na maioria das vezes passam despercebidos pelo leitor-consumidor.

É com o intuito de valorizar uma forma crítica de percepção dos textos não-verbais da publicidade que se formula como um dos objetivos desse trabalho a análise das imagens que compõe anúncios publicitários impressos, investigando as estratégias de persuasão que o produtor do texto, consciente ou inconscientemente, formulou com a intenção de capturar a atenção e seduzir seu leitor.

Se as estratégias que circulam entre os elementos verbais ainda passam despercebidas pelos leitores, é provável que ainda mais discretos sejam os elementos de persuasão que estão articulados nessa nova linguagem dos elementos não-verbais, mais especificamente, nas imagens. Isso porque o ser humano é alfabetizado para ler textos escritos, e posteriormente, interpretá-los, mas com relação aos textos não-verbais não existe a exigência de alfabetizado, acreditando-se que a interpretação desses deva ocorrer de forma natural, sem interpretações e sem questionamentos. Dessa forma, é uma transformação nos termos da valorização dos elementos e textos visuais, a partir da definição de uma estrutura de análise crítica, que autores propõem .

Partindo da concepção de que cada elemento que constitui uma imagem possui um significado em si, e que juntos produzem o significado que se pretende transmitir, é preciso compreender que saturações de cores, planos e inclinações não são selecionados em vão.

Os elementos não-verbais estão tão presentes nos textos quanto os verbais e representam diferentes significações que, muitas vezes, os leitores são incapazes de interpretar . As peças publicitárias mostram que o significado é transformado em linguagem, mas não necessariamente em linguagem verbal.

Somos hoje atravessados, de fato, por uma imensidade de imagens que, nas ruas e nos centros comerciais nos vêm das fachadas e dos placares, imagens que nos invadem a casa, pela televisão, pelo vídeo, pelo computador, pelos jogos eletrônicos, imagens que nos assaltam, e que nos avassalam, quando nos refugiamos num shopping ou quando experimentamos embarcar em sessões de realidade virtual.
Este atual esplendor da imagem, uma imagem que nos rodeia, atravessa, assedia e alucina, uma imagem envolta em luz elétrica, uma luz de que só nos damos conta quando falha, é indissociável o mundo se tomar imagem pela tecnologia.
Os dispositivos tecnológicos produzem e administram imagens que simulam as mais perfeitas harmonias ecológicas e transparência humana, o que é um grande passo feito no sentido da idolatria. A mídia usa seu poder para alienar e não para conscientizar, ela tem como principal objetivo o consumismo e a construção de uma cultura de massa. Em seu livro A Cultura da Mídia, Douglas Kellner nos evidencia que :

“As imagens e as narrativas veiculadas pela mídia fornecem os símbolos, os mitos e os recursos que ajudam a constituir uma cultura comum para a maioria dos indivíduos em muitas regiões do mundo de hoje”.

Sendo assim, conclui-se que a publicidade ao fazer o uso das imagens alcança o ápice de seu poder apelativo quando atinge o consumidor predominantemente em seu estado desarmado.

O homem moderno foi condicionado a ler apenas o verbal como discurso, principalmente no ensino escolar, deixando o não-verbal como simples complemento, portanto há necessidade de uma reeducação em seu processo de socialização. Novas formas de expressão contribuem para uma nova linguagem e exigem que o cidadão desenvolva a capacidade de analisar, estabelecer relações, sintetizar e avaliar.

A utilização de charges, histórias em quadrinhos, tiras e outros instrumentos que fazem parte do uso das linguagens não verbais são cada vez mais utilizados como instrumentos no processo de aprendizagem, pois estimulam a percepção e contribuem de maneira significativa no processo do ensino aprendizagem. A leitura das imagens é uma necessidade no mundo moderno e nas modernas técnicas de comunicação humana, portanto indispensável na esfera da educação.

Não podemos esquecer que vivemos num mundo dominado pela imagem, a televisão, o cinema, o vídeo e internet são realidades presentes no dia-a-dia do homem atual, através da imagem reconstrói-se um novo tipo de leitura do mundo e da realidade. Os modernos meios de comunicação estão impregnados de imagens a serem decodificadas, facilitando a compreensão e o conhecimento de forma mais imediata da realidade.

Desde sempre, a escola detêm um poder muito grande de desenvolver a capacidade, o conhecimento e as potencialidades para se realizar uma boa formação social, emocional e cultural dos indivíduos. A partir da infância, a instituição escolar inicia a execução do seu papel de “detentora do saber” sobre a sociedade, e para que isto aconteça estas instituições utilizam do chavão de que só elas são as detentoras da informação, como nos evidencia, o Doutor em educação, Antenor R Gomes em um dos seus textos:

“A escola durante muitos anos da sua existência firmou-se como instituição social detentora do saber, mais precisamente detentora da informação. As crianças, jovens e as pessoas adultas eram conduzidas ate a escola com o propósito de nela adquirirem conhecimento/informação”.

Porem, com o passar do tempo à escola deixou de ser a única detentora do saber, pois as banalizações das informações fizeram com que todos alcançassem o conhecimento, desde que tenham os recursos para aquisição dos meios para este acesso.

O papel da escola frente às novas tecnologias de informação e comunicação é de se aliar e fazer uso delas, para que através dessa união possa se construir sentidos, preparar o educando para a conquista da cidadania, formando opiniões, para que posteriormente possa colher resultados significativos, ou seja, um aprendizado com qualidade.

”Nossa era prefere a imagem à coisa, a cópia ao original, a representação à realidade, a aparência ao ser”. Há necessidade de se criar condições para o acesso a essas tecnologias porque elas representam múltiplas oportunidades de educação, maiores inclusão social e desenvolvimento de novas habilidades ao indivíduo. Porem, é necessário conhecer com profundidade os vários veículos midiáticos que fazem a utilização das novas linguagens e dos meios de comunicação para que se possa criticá-los e usufruir de seus benefícios devidamente, para que haja experiências positivas do uso destes materiais na escola, pois existem projetos de estudo que são programas de incentivo à leitura e sendo de fundamental importância o papel do professor no uso que se faz destes meios.

Estas novas formas de linguagem (mídia, imagem) e comunicação (TV, Radio, NET etc.) devem ser estudadas na escola, e esta continuará cumprindo o seu papel de investir na construção do saber, não deixando de fazer parte de tudo o que acontece ao seu redor. Contudo, cabe ressaltar que esta nova linguagem e este novo meio de comunicação não têm capacidade de mudar sozinhos os comportamentos das pessoas, pois ao seu lado deveram existir outros mecanismos como a família, a religião, a sociedade e a escola.

Cabe à escola e ao profissional de educação, juntamente com o Poder Público e a sociedade, fazer do jovem um cidadão e um trabalhador mais flexível e adaptável às rápidas mudanças que a tecnologia vem impondo à vida moderna. A educação permanente é uma das formas de adequação e aperfeiçoamento necessários às novas exigências do mundo moderno.

Analisando o comportamento de alunos e professores no ambiente escolar, observa-se que a mídia, em especial o rádio e a televisão, exercem grande influência no padrão da educação. Pode-se afirmar que muito do que é trazido para a sala de aula sofre a influencia destes meios de comunicação. Uma apresentação da educação baseada na visão de tecnologia pode ser decisiva para o desenvolvimento do ser humano seja ele aluno ou professor, isso se da pela expansão de sua inteligência, tanto individual como coletiva, já que aceita sua aprendizagem, entendida como processo de adquiri competências.

As tecnologias hoje disponíveis devem suportar esta nova visão pedagógica, que entende a educação como o processo de desenvolvimento pleno do ser humano, o que exige que ele aprenda a pensar e agir de forma inteligente e critica. Essa forma de ver a educação certamente não é nova, mas assume uma importância especial nos dias atuais.

Assim, a escola deve auxiliar seus alunos no desenvolvimento das competências básicas requeridas para se viver em sociedade. Esse modelo de escola deve substituir o modelo voltado quase que exclusivamente para a transmissão de informação.

A sociedade atual se caracteriza por tornar disponíveis enormes quantidades de informações, mas não se tornou ainda capaz de encontrar formas eficientes de ajudar as pessoas a transformar informações em conhecimentos e de traduzir estes conhecimentos em competências que lhes permitam realizar os seus projetos de vida e, assim, se realizarem a si próprias. Isso só se dá através da educação. Mas educação, nesse contexto, é certamente mais do que simples transmissão de informações através do ensino: é, na verdade, um processo de real preparação para a vida, que acontece na medida em que as pessoas ativamente se envolvem no desenvolvimento das competências requeridas para viver vidas bem sucedidas.

O apoio proporcionado a esse processo pelas novas tecnologias de informação e comunicação pode ser decisivo, em especial no complexo desenvolvimento de inteligências humanas versáteis e flexíveis, capazes de atuar eficientemente em ambientes tecnológicos complexos, que requerem intensa interação e cooperação, e, por conseguinte, ferramentas que facilitem a colaboração, seja na aprendizagem, seja no trabalho, seja até mesmo no lazer. Os muitos obstáculos ao desenvolvimento desse tipo de inteligência podem ser reduzidos em quantidade ou diminuídos em dificuldade com o auxílio da tecnologia, assim facilitando o processo de aprendizagem.

A cultura tecnológica em que vivemos pode fazer uma diferença positiva e atuar diretamente no desenvolvimento cognitivo do aluno. Cabe, a nosso ver, uma crítica ao desenvolvimento tecnológico, do passado ao presente, ao se verificar até que ponto estamos caminhando no rumo desejado, já pensando no futuro. Existe sempre o elo com a educação.

A relação entre a velocidade da inovação tecnológica e o desenvolvimento da cognição humana, em termos de idéias, associações, criatividade, memória e raciocínio, deve ser revista, já que existe uma nova relação entre o homem e a soma das informações que o rodeiam e às vezes parecem afogá-lo hoje em dia. Até aqui o ser humano tem se relacionado com quantidades relativamente pequenas de informações, mas estamos iniciando uma nova era em que será possível, via redes globais de informação e comunicação, ter acesso a basicamente tudo o que se produz na área intelectual.

As tecnologias da inteligência podem e devem exercer influência marcante numa nova educação. Não se trata de apenas mecanizar processos de captura, armazenamento e busca de informação. Trata-se, na verdade, do desenvolvimento do ser humano em sentido pleno, da expansão de sua inteligência, entendida no sentido mais amplo, mas abrangendo também a inteligência coletiva.




Conclusão

A nova linguagem (imagem) é uma forma comunicativa de que muitas pessoas usam para lançarem seus produtos, tendo como objetivo criar uma sociedade consumidora, sendo isso o pontapé inicial para o surgimento de uma cultura de massa. É através das linguagens seja ela verbal ou não-verbal que se obtém o resultado esperado, que é o de atingir seus públicos alvos.

Não podemos deixar de ressaltar a importância da persuasão das imagens, pois são elas que detêm o poder de convencer o “leitor” a adquirir os produtos veiculados em diversos meios de comunicação e informação, onde a fórmula deste sucesso é a união da comunicação seja verbal ou não-verbal, juntamente com a persuasão.

Nosso intuito no decorrer do trabalho foi também o de evidenciar a relação da escola com estas tecnologias da comunicação e informação, as imagens e a persuasão utilizada, relatando a capacidade de desenvolvimento do ser humano apartir da utilização destes novos meios e linguagens, mostrando que a escola não é mais o único lugar de se adquirir conhecimento.



Referencias bibliográficas

CITELLI, Adilson. Linguagem e Persuasão, São Paulo: Ática, 2003.

Kellner Douglas. A cultura da mídia – estudos culturais : identidade e política entre o moderno e o pos- moderno/ Douglas Kellner ; tradução de Ivone Castilho Benedetti. - - Bauru, SP : EDUSC, 2001.


ARTE DA ESCRITA/ Universidade do Estado da Bahia, departamento de Ciências Humanas, Campus IV – Jacobina – BA, UNEB 2006.




Bibliografias complementares

www.universia.com.br/index.jsp

www.alb.com.br/anaisjornal/ezequiel/MesasRedondas

2 comentários:

Antenor Rita Gomes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Antenor Rita Gomes disse...

Os argumentos deste texto são extremamente acadêmicos. Parabéns pela articulação das idéias!


Obrigado pela convivência!